“No local escolhido para a construção estava plantada uma das casas antigas de BH, que seria grato preservar do esquecimento. Engenhosos, Penna e sua equipe inseriram no conjunto o arco de entrada da velha construção. Criaram assim um elo visível entre o passado e o tempo presente. [...] O excelente trabalho dá à gente a alegria de sentir que nem tudo está perdido em Belo Horizonte. Os moços apontam o caminho”. Em 1982, quase no fim da sua vida, Carlos Drummond de Andrade escreve essa crônica para o Jornal do Brasil, o projeto em questão diz respeito à Sede da Casa do Jornalista de Belo Horizonte, escolhido por meio de concurso que teve como Gustavo Penna o grande vencedor.
Seu modo de projetar combinando um conceito consistente e inovador com uma interpretação sensível dos desafios a serem enfrentados pela arquitetura chamou atenção não apenas do grande poeta do modernismo brasileiro. Ao longo dos seus quase cinquenta anos de carreira, Penna coleciona premiações como o The International Architecture Award, em Chicago, o World Architecture Festival (WAF), em Cingapura e o Architizer A+Awards, em Londres. Além de exposições pelo Brasil e pelo mundo, dando destaque para a Bienal de Arquitetura em São Paulo, a Bienal de Veneza, a Bienal de Buenos Aires, a Trienal de Arquitetura Mundial, em Belgrado e o Institut Français d’Architecture, em Paris.
Formado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde lecionou por três décadas, Gustavo Penna iniciou sua carreira em 1973 inaugurando o escritório na capital mineira. Seu nome aparece em destaque pela primeira vez seis anos mais tarde, na edição inaugural da Revista Pampulha a qual trazia uma seleção de projeto mineiros. Entre as obras publicadas, os projetos de Gustavo Penna destoavam do restante por se aproximarem das estruturais utópicas do Archigram ou dos Metabolistas japoneses. Com o tempo, essa referência é diluída em suas obras, dando lugar a traços limpos e formas marcantes que se identificam com a arquitetura moderna.
Com uma obra intrinsecamente relacionada ao contexto mineiro, refletindo a história, paisagem e cultura do local, Penna se tornou um dos grandes símbolos da construção contemporânea no Brasil, entendendo a arquitetura como um elemento fundamental para a qualidade de vida individual e coletiva, mas, acima de tudo, para a formação da cultura e identidade de um povo.
Hoje em dia a equipe do Gustavo Penna Arquiteto e Associados é composta por mais de 40 profissionais envolvidos em projetos de médio e grande porte. Sua sede ocupa um centenário casarão em estilo eclético no centro de Belo Horizonte e, desde 2004, o escritório é certificado ISO9001, o que atesta excelência arquitetônica aliada à novas práticas de gestão da qualidade.